A dificuldade em adquirir e desenvolver fala e linguagem, o “Atraso de fala” é um motivo comum de avaliação com o Neuropediatra. Vê-se desde crianças que não falam nada (não-verbais) a crianças minimamente verbais ou que falam com dificuldade (vocabulário restrito, pronúncia pouco clara, frases mal estruturadas).

As alterações do desenvolvimento da fala e linguagem podem decorrer em diferentes gravidades e por diferentes causas, sendo de extrema importância a avaliação diagnóstica e intervenção adequadas, pois estas situações podem impactar toda a vida da criança, desde seu convívio familiar, interação com outras crianças e aprendizado escolar.

Quais seriam as principais causas de alteração da linguagem?

1. Atraso na aquisição e no desenvolvimento da linguagem: a criança desenvolve a fala e linguagem de forma mais lenta. Há uma compreensão adequada, boa interação, brincar adequado, mas a fala expressiva é restrita para a idade. Pode-se observar uma falta de estímulos adequados e com intervenções e orientações à família, este atraso pode ser superado.
2. Transtorno do Desenvolvimento da linguagem: algumas crianças não conseguem desenvolver a fala e a linguagem de acordo com o esperado. São crianças sem outros quadros que justifiquem a dificuldade de linguagem: são inteligentes, escutam bem, não há questões emocionais ou causas neurológicas ou síndrome genéticas identificáveis que possam justificar o quadro. Nestas crianças a linguagem não progride, impactando sua socialização com amigos, aprendizagem escolar. É uma alteração persistente que pode se apresentar até a vida adulta, gerando dificuldades. O diagnóstico é realizado por avaliação interdisciplinar e a reabilitação com um fonoaudiólogo especialista fará uma enorme diferença na vida dessas crianças.
3. Transtorno Fonológico (Trocas de sons na Fala): é uma causa bastante frequente de dificuldade na fala. Há o uso inadequado das regras linguísticas dos sons da fala para a idade. Ocorre desde forma leves com trocas de letras (R por L) até formas mais graves que tornam a fala difícil de ser compreendida.
4. Dislexia: A Dislexia ocorre em situações em que há uma dificuldade específica e persistente da leitura e escrita, observando-se um desempenho na leitura e escrita muito abaixo do esperado para a instrução formal recebida, o nível intelectual, estando ausentes déficits sensoriais (auditivos e visuais). A avaliação diagnóstica dever ser realizada por equipe interdisciplinar, envolvendo o médico, o fonoaudiólogo e o neuropsicólogo.
   Quando suspeitar?
   Deve-se considerar a suspeita de Dislexia na criança que apresenta dificuldade na leitura. Um padrão de leitura lento, em que não se reconhece facilmente palavras pouco frequentes, havendo uma dificuldade em compreender o que leu. São sinais indicativos dificuldade para compreender textos, elaborar textos escritos, aprender idiomas, decorar tabuada, escrita com erros ortográficos. Pode-se observar ainda dificuldade em acompanhar uma conversa, entender um programa na televisão. Como há um componente genético, outras pessoas da família podem apresentar o quadro.
5. Apraxia da fala: A apraxia da fala é um tipo de transtorno motor da fala. Há uma dificuldade na realização voluntária dos movimentos necessários à produção dos sons da fala, por um problema no planejamento desses movimentos. Nestas crianças podemos observar fala com trocas, articulação lenta, uma prosódia alterada e uso excessivo de gestos para comunicar. Alguns pais já percebem desde muito cedo que a criança não fala como as outras, embora seja capaz de compreender o que falam com ela, há uma dificuldade em se expressar. Na apraxia da fala a criança pode apresentar uma compreensão adequada, mas a expressão da fala está bastante prejudicada.
6. Autismo e Dificuldades em Fala e Linguagem: no TEA há um prejuízo na intenção comunicativa, sendo observadas alterações na comunicação verbal e não-verbal.