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convulsão febril em crianças

Convulsão Febril é Epilepsia?

A convulsão febril é uma das condições neurológicas agudas mais comumente encontradas em crianças.

A Liga Internacional Contra Epilepsia (ILAE) define convulsão febril como uma convulsão ocorrendo na infância após 1 mês de idade, associada a doença febril não causada por infecção do sistema nervoso central, sem convulsões neonatais prévias ou convulsão não provocada prévia, e não atendendo critérios para outras convulsões sintomáticas agudas.

A importância prática é a avaliação da criança através de exame físico e testes laboratoriais criteriosamente selecionados para descartar infecção intracraniana, trauma e causas metabólicas (como hipoglicemia, hiponatremia ou desidratação) antes de diagnosticar uma convulsão febril.

A incidência de convulsão febril na população é de 2% a 5%. A faixa etária de ocorrência varia de 1 mês a 8 anos. Estudos relatam que 90% das crianças tiveram sua primeira convulsão febril antes dos 3 anos de idade, com idade máxima de 18 a 24 meses. Apenas 6% das convulsões febris ocorrem antes dos 6 meses de idade e 4% após os 3 anos de idade, indicando que a idade de início deve ser considerada na avaliação posterior de crianças com convulsões febris.

A maioria das crianças com convulsão febril apresenta crescimento e desenvolvimento normais. Não há diferença de prevalência entre sexos. A maioria dos casos ocorre no início da febre, que se deve comumente a infecções virais autolimitadas em vias aéreas superiores, infecções pulmonares ou gastrointestinais, e o risco de infecção do SNC é baixo.

A genética parece desempenhar um papel importante nas convulsões febris. Até 25% a 40% das crianças com convulsões febris têm histórico familiar de convulsões febris.
Recentemente, uma forte relação foi demonstrada entre convulsões febris familiares e epilepsias determinadas geneticamente, mas a maioria das crianças com convulsões febris não tem histórico familiar dessas condições e o teste genético não é rotineiramente indicado.

Na tentativa de estratificar o risco de desenvolver epilepsia no futuro, as convulsões febris são classificadas em dois tipos: convulsões febris simples e convulsões febris complexas. Convulsões febris simples são definidas como eventos únicos durante uma doença, geralmente na forma de crise não-focal durando até 15 minutos.

Convulsões febris complexas são definidas como eventos que não atendem aos critérios de convulsões simples, ou seja, mais de um evento dentro de 24 horas ou a mesma doença, duração superior a 15 minutos ou sintomatologia focal. Estima-se que cerca de 20% a 30% de todas as crises febris possam ser crises febris complexas. O status febril epiléptico é um subconjunto de crises febris complexas mais graves.

Cuidadores de crianças com convulsão febril geralmente expressam um sentimento de ansiedade depois de testemunhar uma convulsão em casa. Afirmações como “senti como se meu filho estivesse morrendo” e “me senti impotente para ajudar meu filho” são comumente usadas para expressar a preocupação dos pais.

As 4 perguntas mais comuns dos pais:

1- A convulsão febril pode ocorrer novamente?

É provável que ocorra uma segunda convulsão febril em cerca de um terço dos pacientes. Uma terceira convulsão febril é relatada em cerca de metade dos pacientes que tiveram uma segunda convulsão febril, ou seja, apenas 15% dos casos. Mais de três crises febris são raras, sendo observadas em menos de 5% dos casos.

A idade no momento da primeira crise febril é citada como o fator de risco mais importante para a recorrência. Quanto menor a idade na época da primeira crise febril, maior o risco de recorrência.

Um estudo mostrou recorrência de crises febris em 50% dos pacientes que tinham menos de 1 ano de idade no primeiro episódio. Esse percentual foi de 20% quando a primeira ocorreu após 3 anos de idade.

Outros fatores de risco incluem histórico de crise febril em parentes de primeiro grau, febre de grau relativamente baixo durante a crise febril e ocorrência da crise febril ao início da febre.

2- Convulsão é epilepsia ou se tornará epilepsia?

O risco de desenvolver epilepsia após uma convulsão febril é estimado em 2% a 5%, ou seja, aproximadamente 2 a 3 vezes o risco de epilepsia na população em geral. Ainda assim, é baixo o suficiente para justificar uma avaliação criteriosa em apenas algumas crianças consideradas como de alto risco.

Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento da epilepsia são atraso no desenvolvimento ou um exame neurológico anormal antes do início da convulsão febril, história de convulsão febril complexa e um parente de primeiro grau com epilepsia.

Crise febril prolongada e status epiléptico febril também têm sido reconhecidos como potenciais fatores de risco para epilepsia.

3- Convulsão febril causa dano cerebral?

Estudos sugerem que o risco de prejuízo no desenvolvimento, no comportamento e no desempenho acadêmico em crianças com convulsões febris não é maior que na população em geral.

Tal informação deve ser enfatizada no plano individualizado para cada criança, considerando-se que um subconjunto de crianças com convulsões febris prolongadas ou status epiléptico febril pode desenvolver consequências neurológicas a longo prazo.

4- O que posso fazer para interromper a próxima vez?

Medicamentos e medidas antipiréticas continuam controversos na prevenção de convulsão febril, mas geralmente são recomendados aos cuidadores em casa, assim que a febre for reconhecida, para ajudar a confortar a criança. A atenção imediata para diagnosticar a causa da febre é essencial.

Poucos estudos foram beneficiados por benzodiazepínicos intermitentes durante a febre para prevenir convulsões febris e reduzir as visitas à emergência e internações hospitalares. Não há justificativa para o uso diário de medicamentos anticonvulsivantes na crise febril simples.

O tratamento a longo prazo com anticonvulsivantes diários pode ser justificável apenas em um pequeno subconjunto de crianças com crise febril complexa e status epiléptico febril, e fatores de risco que indiquem um alto risco de epilepsia. Não há diretrizes para o início de anticonvulsivantes diários na convulsão febril, e isso continua sendo definido a critério clínico.

Se o seu filho teve um episódio de convulsão febril, consulte um neuropediatra especialista em epilepsia. 

*Referência: Ajay Gupta, MD, Febrile Seizures. Continuum (Minneap Minn) 2016;22(1):51–59 www.ContinuumJournal.com

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